A enxaqueca é uma condição neurológica complexa que pode ser influenciada por diversos fatores, incluindo alterações hormonais e portanto, tornam as mulheres mais suscetíveis a ela
As flutuações hormonais experimentadas pelo organismo feminino durante o ciclo menstrual, gravidez, menopausa e com o uso de contraceptivos hormonais tornam a enxaqueca uma queixa comum entre as mulheres.
1. Ciclo Menstrual e Enxaqueca
– Enxaqueca Menstrual: Muitas mulheres experimentam enxaquecas associadas ao ciclo menstrual, conhecidas como enxaquecas menstruais. Essas enxaquecas ocorrem geralmente 1-2 dias antes ou durante a menstruação, quando há uma queda acentuada nos níveis de estrogênio.
– Queda de Estrogênio: A redução do estrogênio pode desencadear enxaquecas em mulheres predispostas. Acredita-se que o estrogênio tenha um efeito protetor contra a enxaqueca, e sua queda abrupta pode desencadear episódios de dor.
– Progesterona: Além do estrogênio, as flutuações nos níveis de progesterona durante o ciclo menstrual também podem influenciar a ocorrência de enxaquecas.
2. Gravidez e Enxaqueca
– Primeiro Trimestre: Algumas mulheres podem experimentar um aumento na frequência e intensidade das enxaquecas no início da gravidez, devido a flutuações hormonais.
– Segundo e Terceiro Trimestres: Muitas mulheres relatam uma redução significativa das enxaquecas durante o segundo e terceiro trimestres possivelmente devido à estabilização e ao aumento dos níveis de estrogênio.
– Pós-Parto: Após o parto, quando os níveis de estrogênio caem novamente, algumas mulheres podem experimentar um retorno ou piora das enxaquecas.
3. Uso de Contraceptivos Hormonais
– Pílulas Combinadas: Algumas mulheres podem ter um aumento na frequência de enxaquecas ao usar pílulas anticoncepcionais combinadas (que contêm estrogênio e progesterona). Isso pode ser especialmente verdadeiro durante a semana de pausa ou de placebo, quando há uma queda nos níveis hormonais.
– Pílulas de Estrogênio Baixo: Contraceptivos com doses mais baixas de estrogênio ou métodos contraceptivos que não envolvem hormônios podem ser recomendados para mulheres que experimentam enxaquecas relacionadas a contraceptivos hormonais.
– Enxaqueca com Aura: Mulheres que têm enxaquecas com aura e usam contraceptivos hormonais combinados podem ter um risco aumentado de AVC, portanto, alternativas de contracepção geralmente são recomendadas.
4. Menopausa e Enxaqueca
– Perimenopausa: Durante a transição para a menopausa, conhecida como perimenopausa, as flutuações hormonais podem levar a um aumento na frequência e na intensidade das enxaquecas.
– Menopausa: Após a menopausa, quando os níveis de estrogênio se estabilizam em níveis mais baixos, algumas mulheres relatam uma melhora nas enxaquecas, enquanto outras podem continuar a sofrer.
– Terapia de Reposição Hormonal (TRH): Para algumas mulheres, a TRH pode aliviar as enxaquecas, enquanto para outras pode piorá-las. O tipo de TRH e a dosagem devem ser cuidadosamente ajustados.
5. Hormônios e Neurotransmissores
– Serotonina: Os hormônios sexuais podem influenciar os níveis de serotonina, um neurotransmissor que desempenha um papel importante na enxaqueca. O estrogênio, em particular, afeta a síntese e a receptividade da serotonina no cérebro, o que pode explicar por que as mudanças nos níveis de estrogênio podem desencadear enxaquecas.
– CGRP (Peptídeo Relacionado ao Gene da Calcitonina): Este peptídeo é conhecido por estar envolvido na patogênese da enxaqueca, e os hormônios sexuais podem influenciar sua liberação e ação.
Portanto, podemos concluir que a relação entre enxaqueca e alterações hormonais é clara. Entender essa relação é fundamental para o manejo adequado das enxaquecas em mulheres e pode envolver estratégias de uma Equipe multidisciplinar focada na dor e nos tratamentos adequados.